A Editora da Universidade Federal do Pará (EDUFPA)
prepara-se para o lançamento de dois livros inéditos do escritor português José
Saramago, Prêmio Nobel de Literatura em 1998. Da Estátua à Pedra e Discursos de Estocolmo e Democracia e Universidade, inéditos no
Brasil, serão lançados no dia 30 de agosto, em coedição com a Fundação José
Saramago. A programação, que ocorrerá às 18h, no Centro de Eventos Benedito
Nunes, da Universidade Federal do Pará, contará com palestra da jornalista
Pilar del Río, viúva do escritor e presidenta da Fundação José Saramago.
Da Estátua à Pedra e
Discursos de Estocolmo reúne textos de José Saramago sobre a sua própria
trajetória literária. O primeiro deles incorpora no título a alteração deixada
pelo autor para a edição espanhola, El
Autor se Explica, publicada em 2010, pelo editorial Aguilar. Assim, na
edição da EDUFPA de A Estátua e a
Pedra, o texto passa a chamar-se Da
Estátua à Pedra, como explica Pilar, que assina o prefácio da obra: “Ao
revisar a tradução espanhola, [José] adicionou à gráfica imagem de A Estátua e a Pedra um elemento que
a tornaria mais compreensível, ainda, o sentido de suas palavras e de sua
trajetória literária: Da Estátua à
Pedra. No entanto essa anotação, feita de punho e letra, se perdeu nos
labirintos da comunicação virtual, e o livro, tanto na Espanha como, depois, em
Portugal, saiu obedecendo ao modelo italiano. Foi necessário fazer uma busca
nos arquivos para a edição brasileira... para encontrar, por fim, o título
definitivo que o autor lhe dera.”
A metáfora escultórica define as duas grandes fases da
produção de Saramago. A primeira delas, metaforizada pela estátua, estende-se
até O Evangelho segundo Jesus Cristo
e seu termo encerra uma importante mudança de perspectiva no ofício do
escritor, que então passa a se dedicar ao substrato da estátua, a pedra.
A primeira parte do livro traz os prefácios à edição
italiana, assinados por Giancarlo Depretis, professor da Universidade de Turim,
e por Luciana Stegagno Picchio, que foi professora da Universidade de Roma,
bastante reconhecida por sua dedicação ao estudo das literaturas em língua portuguesa.
Esta primeira parte conta, ainda, com o texto de Fernando Gómez Aguilera, autor
do livro A Consistência dos Sonhos – Cronobiografia, sobre Saramago.
A segunda parte do livro é dedicada aos Discursos de
Estocolmo, pronunciados por Saramago quando do recebimento do Prêmio Nobel de
Literatura e à Autobiografia que os laureados apresentam à academia
sueca, a qual traz uma nova reflexão sobre a trajetória literária do autor,
pontuada por episódios marcantes de sua vida, que remontam à infância junto de
seus avós. O livro traz, ainda, um apêndice fotográfico, com imagens de José
Saramago em vários momentos de sua vida.
Democracia e
Universidade conta com apresentação do reitor da UFPA, Carlos Maneschy, e
traz ao leitor dois textos de José Saramago sobre democracia. O primeiro deles,
a Conferência Democracia e Universidade, proferida na Universidade Complutense
de Madri, em 2005, vem acompanhado do debate que teve lugar em seguida. A
partir da referência ao conto Pierre Menard, autor do Quixote, de Jorge
Luis Borges, ressaltando a historicidade da linguagem, José Saramago procura
desvendar um caminho de noções equívocas, que nos leva ao uso corrente de
termos como “justiça”, “bondade”, “educação” e, por fim, “utopia”.
O segundo texto intitula-se Verdade e Ilusão
Democrática. Trata-se, neste caso, de conferência lida em Santiago do
Chile, em abril de 2003, no ciclo "Las Conferencias de la Moneda". A
partir da Política de Aristóteles e
suas considerações a respeito do lugar de pobres e ricos na democracia,
passando pela experiência dos romanos, Saramago chega à atual renúncia
participativa, renovada a cada quatro anos pelo voto, semelhante ao que, no
texto anterior, são as utopias e a renúncia do presente. Para o autor, o voto
legitima um sistema que se diz democrático, mas concentra seu poder na esfera
econômica e, em nenhum de seus níveis, visa ao bem do povo que representa.
A programação de lançamento, além da palestra com a
jornalista Pilar del Río, contará, ainda, com a participação da atriz Vera
Barbosa, a qual lerá excertos de obras de Saramago; e do músico Áureo De
Freitas, da Orquestra de Violoncelistas da Amazônia. A ambientação do local do
evento foi inspirada em Lanzarote, região onde fica situada a aldeia natal do
escritor, cuja vida e obra serão contadas em exposição.
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