terça-feira, 14 de setembro de 2010

Diagnósticos do presente em José Saramago, Jorge Reis-Sá e Chico Buarque



É sabido que o mundo contemporâneo tem passado por movimentos diversos que encareceram os modos de existir dos sujeitos. A consolidação das primeiras marcas do que hoje entendemos como crise se dá pela soma de uma série de episódios desencadeados, sobretudo, com a Primeira Guerra Mundial. As transformações que este episódio em particular trouxe ao mundo moderno não se resumiu apenas à remodelagem das linhas espaciais do continente físico europeu ou as da história do homem no planeta, mas, feito rastilho de pólvora, tais transformações se alastraram e contaminaram, por assim dizer, o mundo todo, e trouxe marcas de remodelagens às linhas cartográficas da própria subjetividade dos sujeitos. De lá para cá, os espaços subjetivos tem se tornado cada vez mais peças fragmentárias e os modos de existir, cada vez mais esvaziados e escorregadios, eternos invólucros fugazes do momento. A forma como tudo isso se manifestou no campo das artes, sobretudo, na Literatura, datam pelo advento do Nouveau Roman. Desde 1950-1960, os anos de experimentação do movimento francês, o romance incorpora novas formas de narrar a ponto de, por exemplo, mergulhar na radicalização do que foi o romance psicológico que solavancou as categorias de narrativa e da própria existência do romance. Entretanto, antes de uma apressada morte do romance, conforme sondaram alguns críticos, essas transformações, que se deram principalmente no que se refere ao perfil temático das obras, que passam agora abarcar o mundo exterior nas formas de narrar, trouxeram para o interior do gênero literário, a discussão das aceleradas transformações que fizeram do sujeito e do espaço social em categorias moveis, dilatadas, em constante estágio de estratificação. O valor desse minicurso reside em discutir e analisar o comportamento que tais questões, especificamente, as dos espaço e das sujeitos, localizadas no interior das discussões contemporâneas no que dizem respeito ao trato do lema de “crise”, desempenham ou modo como se constituem no corpo do romance brasileiro e português. Para a consolidação desse interesse, fundamentais nesse percurso, são as obras de José Saramago, Jorge Reis-Sá e Chico Buarque; tratam-se de obras que colocam em evidência os estatutos do mundo contemporâneo, seja por sua perspectiva comunicativa – inauguradora de novos modos no trabalho com a linguagem e com o fazer literário, consequentemente – seja por sua perspectiva temática, sobretudo – reinventando temas, como os de sujeito e de espaço, temas de interesse ao espelho da modernidade e ainda dispersos de significação literária, logo, temas necessários de uma análise mais acurada..

Informações sobre inscrições: acessar o Site do I Colóquio Nacional de Estudos Linguísticos e Literários


© Letras in.verso e re.verso


Nenhum comentário:

Postar um comentário